terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

DITADORES DA FÉ OU COOPERADORES DA ALEGRIA?

Em sua segunda carta aos coríntios o apóstolo Paulo afirma: "...não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas por que somos cooperadores de vossa alegria". O contexto nos esclarece que a razão pela qual Paulo faz essa declaração é que ele queria explicitar a integridade de sua conduta e trato com os cristãos que era, por sinal, o contraste da relação que os pseudoapóstolos tinham com os cristãos da igreja em corinto.
   Havia uma influência maligna de alguns mestres que se diziam apóstolos autênticos e que promoviam o desprezo ao apostolado legitimo de Paulo. Faziam o possível para denegrir a imagem de Paulo diante dos seus próprios filhos na fé. Havia uma tensão entre Paulo e os cristãos em corinto por conta dessa distorção de informações e um dos motivos pelos quais o querido apóstolo escreve a sua segunda carta é promover a reconciliação e a alegria tendo em vista o bem-estar da igreja de Deus. Ele escrevia o que escrevia, até mesmo com palavras duras, não para dominar os crentes e nem por que era um ditador, mas para gerar o crescimento e maturidade nos crentes. 
   A declaração de paulo implica em algumas verdades:   
   1. Há a possibilidade de existir um líder que ao invés de ser um cooperador da alegria é um ditador da fé.
Quando paulo explicou o motivo de sua preocupação e ação ante aos desafios na igreja em Corinto ele, de certa forma, alfinetou os falsos apóstolos, que, por assim dizer, dominavam a fé dos Corintos. Eram manipuladores e mercadejadores da fé. Eram pessoas que se arrogavam líderes sábios, mas que ostentavam uma falsa sabedoria. Paulo tinha em vista os que estavam tentando dominar tenazmente a vida dos cristãos em Corinto. Ele diz no verso 2 do capítulo 4: "rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade".  
   Os ditadores da fé não podem se recomendar ao olhar perscrutador de Deus nem ao julgamento de sua própria consciência por que têm motivações egoístas e ações ocultas que envergonham até mesmo eles. Andam com astúcia e distorcem, para o seu próprio intento, a palavra da verdade. São julgados por sua própria consciência e julgados pelo olhar divino. Os ditadores da fé usam os cristãos e sua credulidade fácil em prol de seu próprio conforto. Arrancam o dinheiro de seus bolsos para construírem impérios utilizando promessas esperançosas para um futuro breve. Portam-se como "os profetas" legítimos que, por isso, são merecedores de bajulação e "idolatria santa". 
   O líder (Valdomiro) que afirma que Deus o inspirou a "colher o trízimo"  é cooperador da alegria ou ditador da fé? O líder (Silas Malafaia) que admite a "unção dos 900 reais" é cooperador da alegria ou ditador da fé? O líder que se porta como o "profeta" do evangelicalismo brasileiro diante da nação é cooperador da alegria ou ditador da fé? O líder que se autodenomina "pai-póstolo" e que fez uma declaração legal acerca desse fato eliminando a possibilidade de concorrência disse que é o único no brasil a ungir apóstolos. Ele é cooperador da alegria ou ditador da fé? Os líderes (Valdomiro, R.R. Soares, Edir Macedo) que tratam a igreja como se fosse uma rede de supermercados e que estabelecem metas financeiras como ênfase vital para o crescimento da igreja são cooperadores da alegria ou ditadores da fé? 
2. A ditadura da fé só é possível por conta da fácil credulidade dos fíéis.   
As pessoas são muito crédulas. Confiam demasiadamente nas promessas absurdas que os políticos fazem e no âmbito religioso confiam, sem uma atitude crítica, em tudo que se diz em nome de Deus. Jesus adverte que "levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos" e diz também que: "surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos". Há, por conta dessa predição séria, a necessidade de se ter uma visão crítica das coisas. A credulidade fácil não é sinônimo de espiritualidade e sim de ignorância. Há a possibilidade de ser enganado. Tal enganação será com astúcia e capciosidade por que, se possível será capaz de enganar os próprios eleitos. Nenhum enganador aparecerá com aparencia de enganador assim como satanás não se apresenta com chifres e tridente. 
   Os cristãos considerados mais nobres na Igreja primitiva foram aqueles que verificaram nas Escrituras sagradas a veracidade das afirmações do próprio apóstolo Paulo. Eles não absorviam sem um olhar crítico. Não um olhar crítico baseado na razão pura, mas na revelação de Deus nas Escrituras. É imprescindível que não se engula como se fosse verdade absoluta tudo que é dito em nome de Deus por que há a possibilidade de estar incutido na afirmação proferida um dardo ambicioso e maligno que causa destruição abominável. 
   Os ditadores da fé usam uma roupagem de pureza e de legitimidade, mas tem em sua língua veneno que destrói e aliena. Vêem a si mesmos como imprescindíveis. Usam de falsa humildade e de falsa espiritualidade. Distorcem a verdade e complementam a obra vicária definitiva de Cristo com métodos superficiais e superticiosos. Diferente dos cooperadores da alegria que têm em vista Cristo, sua palavra autêntica e a Igreja saudável acima de seu próprio conforto.  Cuidado! os ditadores da fé podem estar na sua sala!   
       

CORREDORES EXCELENTES NA MARATONA CRISTÃ

A maratona é a mais longa, desgastante e difícil prova olímpica. São mais de 42 Km de distância que devem ser percorridos com esforço e garra tendo em vista o prêmio. Essa prova é uma homenagem a Filípides que, correu sem parar por volta de 42 Km para avisar o povo ateniense da vitória de seus guerreiros. Essa corrida é significante por que os inimigos haviam declarado explicitamente que se vencessem a guerra escravizariam os filhos e abusariam das mulheres atenienses. Os guerreiros atenienses ajuntaram o povo e firmaram o compromisso de que se em um determinado prazo eles não chegasem vitoriosos as mulheres deveriam sacrificar seus filhos e se suicidarem. Eles venceram a guerra, mas o prazo estava se esgotando e o único modo de as mulheres não cometerem uma chacina era alguém chegar a tempo e avisar da vitória. Filípides foi enviado e chegou a tempo e avisou da vitória e morreu, de tão desgastante que foi a caminhada. Foi homenageado depois de alguns séculos com o estabelecimento da Maratona. Reconheceram a excelência do corredor.
    Nós, cristãos, somos vocacionados por Deus para sermos corredores excelentes na maratona cristã. Somos vocacionados para sermos os "Filípides" da fé. Em Hebreus 12 o autor assevera que a carreira cristã foi proposta para nós por Deus e que devemos corrê-la com excelência. Ele diz: "corramos com perseverança a carreira que nos está proposta". Da mesma forma o Apóstolo Paulo afirma em sua carta aos Coríntios: "Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis". A  força que é empreendida pelos atletas que buscam um prêmio corruptível deve ser exemplo para nós para que empreguemos força maior em prol de um prêmio incorruptivel. A disposição para essa maratona é essencial para mostrar que somos, de fato, corredores vocacionados. Mas, não basta ser apenas corredores. Devemos ser corredores excelentes. Que ultrapassam seus limites. Que batem suas marcas.
    A disposição para essa maratona não é meio para salvação , mas evidenciação de salvação.  A excelência nessa carreira deve ser motivada pela gratidão e não pela ambição. O foco deve estar superficialmente no prêmio e enfaticamente na graça de Deus em enviar o Autor e consumador de nossa fé.  
   Corramos excelentemente a carreira que Deus nos propôs! Tendo em vista o prêmio que nos aguarda, mas focalizando o Cristo que venceu.       

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A SUPERSTIÇÃO NO ÂMBITO CRISTÃO: CRENTE ZAGALLO

Mário Jorge Zagallo, conhecido como o "velho lobo", técnico da seleção brasileira campeã de 70 e auxiliar técnico de Parreira em 94, afirmava que a razão de suas vitórias era o número 13. Ele acreditava piamente de que o número 13 o ajudava em seus empreendimentos. Isso é claramente superstição. Elemento que faz parte não somente da vida de Zagallo, mas de grande parte da população. 
   Acredita-se, por exemplo, que quando se quebra um espelho atrai sete anos de azar; Quando um gato preto cruza o caminho é um mau presságio; e é necessário bater três vezes na madeira quando se ouve uma afirmação negativa;  Afirma-se que "varrer a sujeira para fora de um estabelecimento afasta os clientes" e "colocar a vassoura virada atrás da porta expulsa o indesejável visitante". Essas são algumas das superstições que fazem parte da vida de muita gente. Mas a pior delas é aquela que ocorre no âmbito cristão.
   Há um bombardeio dessas "superstições cristãs" atualmente. Crê-se que tomar a água que recebeu oração especial de um dos 318 pastores é mais eficaz do que uma "oração comum" feita sem a utilização da água. A oração com a imposição das mãos do "bispo" e/ou "apóstolo" surte mais efeito do que a oração feita por "qualquer" crente. Distribuem-se, por preço absurdo, óleos ungidos, sal grosso, vassoura da purificação da casa, perfuminhos para o casamento feliz, lâmpadas para que o lar fique iluminado, pedras vindas de Jerusalém, águas do rio Jordão, lenço do Valdomiro, com o propósito de abençoar com mais eficácia a vida das pessoas. O jargão "em nome de Jesus" tem sido usado para tudo. Ouvi uma mulher falar com sua filhinha: "venha para cá em nome de Jesus". Esse é um dos jargões que tem sido utilizado como superstição assim como o "tá repreendido", "misericórdia", "Deus é dono do ouro e da prata" e por aí vai. Percebe-se uma mescla entre algumas verdades legitimas e crenças populares que desvirtuam o real significado.  
   Superstições que têm como elementos os objetos, as palavras e personagens bíblicos. Concepções que precisam ser julgadas à luz da palavra bem interpretada. Tal qual no período medieval alguns cristãos acreditam em superstições absurdas que resulta em uma desconfiguração do testemunho do real cristianismo, sem falar no fato de que estes homens e mulheres, com aparência de piedade,  estão em trevas da ignorância.
   É necessário que, ao invés de as pessoas procurarem bênçãos imediatas através de métodos ilegítimos baseados em concepções infundadas, estas busquem saber o que, de fato, Deus nos instrui em sua palavra. Cuidado para que não sejas um  “crente Zagallo”.   

APRENDENDO A SER UM CRISTÃO HÁBIL COM O CARNAVAL

Em uma reportagem sobre a preparação para o carnaval no Rio de Janeiro observei alguns fatos interessantes: a) logo que encerra o carnaval começa, automaticamente, os preparativos para o carnaval do próximo ano. Ou seja, são meses de trabalho e esforço; b) a maioria das mulheres que desfilam nas escolas de samba compram as suas próprias fantasias que custam uma boa quantia; c) a cada ano há um aperfeiçoamento e um investimento cada vez maior além da disposição de muitas pessoas em prol de um bom trabalho nos desfiles tendo em vista o prêmio.
   É louvável a disposição dessas pessoas em relação à assuntos que, na perspectiva cristã, são supérfluos. A disposição e esforço empreendidos em prol da concretização de um carnaval exuberante deve fazer com que o cristão perceba a sua inabilidade quanto aos assuntos que ele julga preciosos. Calminha! Não estou, de forma alguma, sendo herético e blasfemo quando afirmo a inabilidade dos cristãos e a habilidade dos não-cristãos. Não tenho em vista, nesse artigo, a legitimidade das motivações uns dos outros, mas a disposição e esforço que um grupo empreende mais do que o outro. Só estou reverberando a afirmação de Jesus aos seus discipulos acerca do administrador infiél de sua parábola: "... os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz". E antes dessa afirmação Lucas diz que Jesus elogiou o administrador infiel. Não pela corrupção do administrador e nem por suas motivações egoístas, mas por sua disposição e esforço empregados. A habilidade do rapaz chamou a atenção de Jesus e foi motivo de vergonha para os discípulos.
   A disposição e esforços dos carnavalescos em prol de um período de carnaval exuberante e perfeito nos ensina algumas coisinhas importantes:
a) O nosso esforço e disposição em relação às coisas do Reino devem ultrapassar os dos não-cristãos em relação aos seus assuntos superficiais.  Temos em mãos um diamante que nos foi concedido para que o fizéssemos brilhar diante das pessoas, mas tal diamante tem sido escondido e ocultado. Temos em nossas mãos o evangelho legítimo que precisa ser evidenciado às pessoas que precisam de Luz. O nosso esforço demonstra a nossa convicção a respeito do que afirmamos. Se creio que Jesus é a única solução possível para a felicidade do Homem, a minha motivação sincera deve fazer com que meus esforços o explicitem diante de homens e anjos. A nossa atitude para o bem deve ultrapassar a disposição dos não-cristãos para o mal. A concepção do cristão é mais louvável do que a concepção mundana, mas em relação à disposição dos dois grupos, qual tem sido mais eficiente e hábil?  
b) O nosso alvo é mais sublime do que qualquer outro e nossa habilidade para com ele deve ser coerente. Corremos como um maratonista, na caminhada cristã,  para um alvo eterno e não efêmero. Enquanto os não-cristãos bradam por todos os lados acerca da "preciosidade de seus assuntos" e se esforçam para fazer com que eles sejam absorvidos por mais pessoas a cada dia, os cristãos estão tímidos e calados, vivendo enclausurados em sua própria rotina. O fato é que os não-cristãos estão explicitando um paralelepípedo como se fosse uma linda pedra preciosa e os cristãos estão escondendo a linda pedra preciosa como se fosse um paralelepípedo.   
   Devemos aprender com os esforços dos "filhos do mundo" em relação ao supérfluo a nos esforçar por aquilo que é mais legitimo e precioso. Será que o mesmo grau de esforço que tem sido empregado pelos não-cristãos com o propósito de fazer o que é mau tem sido utilizado por você em prol do que é bom? 

sábado, 29 de janeiro de 2011

A FATÍDICA MORTE DO CÃO

Quando trabalhava em um salão de estética, nos períodos em que não havia cliente, ficava à porta observando o movimento. Toda manhã um cãozinho passava na calçada e a minha diversão era assustá-lo quando ele chegava perto da porta. Ás vezes bolava um plano para pegá-lo de surpresa e o coitadinho sempre caía proporcionando diversão boa. Confesso que me divertir com o cãozinho era um dos melhores momentos da manhã. Um dia ocorreu algo chocante. 
   Avistei o cãozinho na esquina e me preparei para assutá-lo. Ele se aproximou da porta do estabelecimento e lhe dei um grande susto que o fez sair da calçada e ir para a rua que era normalmente calma. Um motoqueiro estava passando exatamente no minuto em que o cãozinho deu seus primeiros passos na rua e o atropelou letalmente. Observei o motoqueiro pegar o cãozinho, já sem vida, e jogá-lo em uma lata enorme de lixo. O cãozinho, meu amiguinho de diversões matinais, se foi para sempre. Foram apenas alguns segundos para a diversão se transformar em tristeza; para a alegria se tornar luto. 
   Sentei no sofá e refleti por algum tempo acerca daquela situação e pude observar algumas coisinhas:
1) A vida é frágil. A fatídica morte do cão me fez enxergar com mais nitidez que somos pó e voltaremos ao pó. Me fez lembrar do que a Bíblia diz a respeito da vida. Ela é breve. Ela é como o sono (Sl 90). Ela é como erva que nasce pela manhã e murcha à tarde. Ela é como um breve pensamento. A vida é, de fato, frágil como uma porcelana. Em um momento estamos bem e as circuntâncias podem mudar drasticamente sem que esperemos. Alguns segundos são o bastante para nos surpreender.
2) Somos limitados. O nosso conhecimento é limitado. Vivemos como se fôssemos viver para sempre e não percebemos que pisamos em chão escorregadio. Os futuros minutos de nossa vida são incertos e não podemos fazer nada a respeito. Não temos "poder para aumentar um segundo à nossa vida" diz Jesus em seu aconselhamento aos discípulos sobre ansiedade. Somos impotentes a respeito do tempo de  vida que temos.   
3) Descanso na soberania divina. Diante do fato de que somos frágeis e limitados em relação à vida devemos perceber  a soberania de Deus sobre a vida e nela descansar. Somos impotentes, mas Deus é poderoso. Ele conhece por nome cada estrela que há no céu - e olha que há mais estrela no céu do que grãos de areia nas praias de toda terra. Ele tem poder sobre as ações das pessoas. Inibe o potencial de corrupção dos maus e promove a santidade dos crentes. Ele sustenta todas as coisas com sua palavra poderosa.
   A fatídica morte do cãozinho nos faz lembrar de nossa própria condição. Pessoas que não tem todo o tempo do mundo para realizar feitos que ficarão para sempre no coração de muitos. A fatídica morte do cãozinho nos ensina que precisamos amar, perdoar, como se não houvesse o próximo segundo. Nos mostra que o nosso pensamento deve ser elevado não somente às coisas terrenas que nos satisfaz efêmera e legitimamente, mas, tendo em vista a brevidade da vida na terra, devemos nos focalizar em nossa condição pós-morte. 
   A vida é frágil. Somos limitados, mas podemos encontrar descanso legítimo e tranquilo nos braços daquele que sustenta a vida. Se não ancoraste o barquinho de sua vida em Deus faça-o.      

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

AS IGREJAS PLANETÁRIAS E O PSEUDO-EVANGELHO

O cristianismo sempre teve de enfrentar em sua longa história duas principais batalhas: a batalha pela sua existência ante a perseguição externa do Estado que visava aniquilá-la e a batalha pela integridade de sua doutrina no âmbito interno que corria o risco de ser minada pelas diversas heresias que surgiam.
   A batalha que mais oferecia risco capcioso e letal era a interna que se inseria dentro da igreja e tentava minar suas concepções originais.  Segundo Cairns (1995, p.78) "os convertidos à fé cristã vieram ou do legalismo judaico ou do ambiente pagão da filosofia grega". O objetivo dos primeiros era fundir os preceitos legalistas do judaísmo às concepções cristãs e o segundo grupo visava racionalizar a fé e fazer com que o cristianismo fosse mais respeitável intelectualmente diante das classes altas do estado. A grande questão é que o cristianismo em sua essência não combina com as roupagens que tentam aprisioná-lo. E durante todo o processo histórico houve uma intensa tentativa de vestir o cristianismo essencial com diversas roupagens que nos levam acreditar consistentemente que muito do que se diz cristão na história não passa de um pseudo-cristianismo.
    A mancha do pseudo-cristianismo manifestado na história é reflexo de um pseudo-evangelho. Um evangelho que não é, de fato, o evangelho essencial, mas um evangelho moldado com roupagens diversas para satisfazer as aspirações de um indivíduo ou uma sociedade.
   Percebe-se, atualmente, uma nova forma de evangelho que tem sido proclamada por “pseudo-apóstolos” e “pseudobispos” que, por sinal, fazem parte de um novo tipo de Igreja, a saber, as igrejas planetárias. Essas tais igrejas são as "Internacionais", as "Mundiais", as "Universais" e por aí vai. Igrejas que tem propagado um pseudo-evangelho. Um “evangelho” que é revestido com as roupas da prosperidade e dos conceitos psicológicos da confissão positiva. Um “evangelho” que ao invés de enfatizar as boas novas de Cristo sublinham as boas novas de uma casa nova e da cura física. Um “evangelho” que inculca na mente dos fiéis um desejo de consumir e de ter. As igrejas planetárias reverberam um falso evangelho com aparência de poder e conquistam adeptos que se lançam confiantemente em suas promessas. È notória a Heresia pós-moderna pregada pelas igrejas planetárias que levam milhares de pessoas buscarem Bem-Estar material do que o Cristo que está acima de tudo isso.
    O grande alívio é que essas estruturas que aparentam ganhar o mundo sairão brevemente na urina da história tais quais as que desapareceram séculos atrás. Os pseudo-líderes serão lembrados como os que ajudaram a muitos a se desviarem da verdadeira fé – se forem lembrados.
    O evangelho essencial deve ser pregado tal qual Paulo o faz em suas epístolas. Sem medo de represálias e com desejo intenso de defender a pureza do evangelho e a edificação da igreja. Os pseudo-evangelhos devem ser anatematizados. As concepções errôneas expostas para que as pessoas não pensem que a roupagem do cristianismo em voga é o real. O evangelho deve ser desnudado e apresentado nu e cru tal qual ele é. Sem qualquer tipo de roupagem.
    Que Deus nos agracie para expor tão somente a sua graça revelada em Cristo acima de qualquer ideal terreno ou "planetário".  

                                                                        Doulos Ek Theon

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A INTOLERÂNCIA DOS TOLERANTES

O cristão é constantemente acusado de ser intolerante por que defende sua cosmovisão com firmeza ante a diversidade de ideologia ao seu redor. Há, com certeza, muitos cristãos que, sem o conhecimento teológico consistente, são no sentido restrito do termo intolerantes. Mas, é necessário jogar fora a água suja da banheira sem lançar fora o bebê. Antes de acusar de intolerantes todos os que discordam dos sistemas de pensamentos liberais que estão em voga, é imprescindivel definir o termo tolerância. 
   De acordo com o dicionário Houaiss o termo tolerância vem do latim tolerantia, tolerantiae que siginifica "constância em sofrer". Trata-se de uma tendência em admitir e respeitar nos outros maneiras de agir, pensar e sentir, diferentes das nossas. Em relação ao âmbito religioso a tolerância pode ser definida como uma atitude respeitosa diante das confissões de fé diversas e até diametralmente opostas. Percebe-se que a tolerância não significa adesão ou renúncia dos seus conceitos em prol de todos os conceitos. A diversidade de sistemas de pensamentos é baseada na verdade de que há diversas cosmovisões. O respeito à diversidade é tolerância, o que não impede de se defender as pressuposições próprias de seu sistema de pensamento.  
   A grande questão é que não se pode afirmar algo contrário às ideologias liberais e libertinas da pós-modernidade que se é acusado de "mente fechada", intolerante. Parece que os "pensadores" acham que há neutralidade na afirmação de todos. Se enganam. Os intelectuais afirmam que o profundo conhecimento cientìfico retira o índividuo da mediocridade. Os cristãos dizem que o profundo conhecimento de Deus fundamentado nas Escrituras Sagradas livra o homem da mediocridade. Há por detrás dessas afirmações pressuposições que descartam a neutralidade. Confundem a tolerância com o silêncio. Ser tolerante na perspectiva moderna é se calar e se curvar ante a imposição de um sistema de crenças que destoa do sistema cristão - principalmente. 
   Como podem afirmar com convicção que toda verdade é relativa se ao fazerem isso estão defendendo a verdade absoluta de que toda verdade é relativa? Como podem afirmar que estamos sendo intolerantes quando a própria atitude de calar-nos é uma atitude intolerante? Não se pode falar do sistema de crença dos homossexuais, dos liberais, dos que defendem diversas religiões por que seremos acusados de intolerância. O fato de impedir-nos de expressar as nossas crenças não é um ato intolerante?
   Prezamos pelo respeito, mas não deixaremos de expressar nossas convicções. Oramos a cada dia para que os tolerantes deixem de ser intolerantes.   


                                                                                                                         Sole Deo Gloria